Diversidade no trabalho: o papel essencial do manual do colaborador na construção de um ambiente inclusivo e empático

19 de Dez de 2023

O manual do colaborador é uma ferramenta fundamental para empresas que têm como objetivo construir uma política de diversidade e inclusão que seja efetiva. 

Logo quando uma pessoa ingressa em uma empresa, é necessário apresentar ao novo colaborador as regras que devem ser seguidas, e os seus direitos garantidos pela contratação como salário e benefícios. Além disso, também é fundamental apresentar o histórico da empresa, sua missão, visão e valores, além de informações que identifiquem a cultura organizacional. 

Como forma de apresentar todas essas informações importantes, é comum que exista um manual do colaborador, que é entregue para as pessoas que estão entrando nas equipes. O manual pode ter, também, o objetivo de estimular o desenvolvimento profissional dos funcionários. 

Aproveito para já levantar o questionamento: o manual do colaborador que existe na sua empresa, ou o manual que está sendo elaborado, considera as questões de inclusão e diversidade?

Um pequeno trecho da história de Alana na empresa em que ingressou recentemente:

O bootcamp

Imagine a seguinte situação: Alana é uma mulher negra, e ela tem uma deficiência física. Ela participou de um bootcamp, que tinha como objetivo contratar pessoas diversas. E faz parte de um grupo de 20 recém contratados. Nesse grupo, há pessoas autistas, com deficiência física, pessoas com deficiência auditiva, pessoas com mais de 60 anos, e 60% das pessoas contratadas são negras. 

O bootcamp foi um sucesso, os gestores de Gente e Gestão entendem que foi uma importante ação de conformidade com as regras de ESG ( environmental, social and governance, ou, em português, “ambiental, social e governança”), e esse é um dos grandes objetivos do setor neste ano.

O manual do colaborador

Na primeira semana após a contratação, durante o onboarding, o manual do colaborador é encaminhado para todos os novos colaboradores, e a profissional da área de gente e gestão responsável pelo onboarding, diz que está disponível para tirar dúvidas que possam surgir após a leitura do manual. 

Alana reserva um tempo para se dedicar a leitura e, encontra um manual muito técnico, com as seguintes seções: 

1 - Histórico da empresa;

2 - Missão, visão e valores;

3 - Informações sobre o produto vendido ou os serviços prestados pela empresa, e o segmento em que a empresa atua;

4 - Informações sobre pagamento, férias, benefícios;

5 - Normas de registro de ponto, horários de trabalho, atestados médicos, faltas, horas extras, entre outras normas de funcionamento operacional da empresa;

6 - Canais de comunicação com a empresa.

A indiferença

Após a leitura atenta, Alana percebe que não tem uma linha sobre diversidade e inclusão no manual do colaborador, e essa ausência aparece como uma grande presença, a presença da indiferença. 

Alana tem, imediatamente, a sensação de que as suas necessidades não serão consideradas no dia-a-dia da empresa, e já sente que a experiência será semelhante a outras experiências negativas que ela viveu em outros espaços de trabalho. 

Ela sente um aumento da sensação de solidão e do sentimento que vai precisar continuar conscientizando as pessoas sobre sua deficiência, e vai ter que lidar com preconceitos tanto por ser negra, quanto por ser uma mulher com deficiência. 

Consistência entre o que é falado e o que é feito

Se a empresa comunica que inclusão e diversidade são questões importantes para a missão, a visão e os valores, como acontece quando é aberto um bootcamp para contratação de pessoas diversas. 

Ou quando essa questão aparece nas comunicações externas, como no site, em entrevistas dadas por gestores da empresa, ou por um posicionamento em redes sociais, é importante que esse posicionamento apareça de forma explícita no manual do colaborador.

O compromisso com a inclusão e com a diversidade não deve ser algo pontual, mas algo global, que considere todos os setores da empresa, inclusive, o manual do colaborador. Alana possivelmente se sentiria muito mais incluída se encontrasse esses temas no manual enviado nos primeiros dias de trabalho. 

Faz sentido colocar questões de diversidade e inclusão no manual do colaborador?

Ao incorporar esses tópicos no manual do colaborador, entregue na entrada da empresa, ela comunica os comportamentos que são esperados, e os comportamentos que não são aceitos, como comportamentos discriminatórios e preconceituosos. 

É importante que esse manual seja revisado constantemente, preferencialmente a cada 6 ou 12 meses. Isso deve ocorrer especialmente quando houver alterações nas normas da empresa ou um novo nível de compreensão sobre a inclusão e diversidade esperadas.

Muitas empresas mantém o manual do colaborador disponível no site, para que também o público externo possa acessá-lo. Essa é uma ação de transparência que vem sendo adotada por várias empresas, e permite que profissionais que estão participando do processo seletivo possam conhecer um pouco mais da cultura da empresa.

Essa ação de transparência pode garantir um melhor fit cultural entre profissional e empresa, que é quando há semelhanças entre os valores dos funcionários e os valores da empresa.

Quando potenciais colaboradores têm a oportunidade de conhecer os valores e as regras da empresa antes da contratação, há a possibilidade de que haja a diminuição do turnover, que é a perda de talentos. 

Quando a rotatividade de pessoal está muito alta, a empresa tem grande gasto com processo seletivo, contratação, e o processo de adaptação da pessoa colaboradora na empresa.

Como podemos fazer diferente?

A seguir serão apresentadas algumas sugestões de como é possível inserir questões de diversidade e inclusão no manual do colaborador

E vamos deixar alguns exemplos de boas práticas quando se trata de um manual do colaborador que busca sair do óbvio e, talvez por isso, tem maior chance de impactar os colaboradores da empresa durante toda a jornada. 

Além das sessões apresentadas acima, podem ser incluídas orientações sobre:

  • Política de inclusão e diversidade;
  • Comportamentos inaceitáveis relacionados à preconceito, discriminação e assédio moral e sexual;
  • Onde os colaboradores podem buscar informações sobre pessoas diversas;
  • Canais de denúncia para quando uma pessoa sofre preconceito ou discriminação.

Além de um exemplo de manual que deixa explícito o que é aceito e o que não é aceito na empresa com relação ao tratamento dado às pessoas:

Hubspot - um exemplo de como é possível sair do óbvio na apresentação das informações do manual do colaborador; 

Trello - mais um exemplo que mostra como é possível inovar;

Hotmart - um exemplo de como é possível abordar as questões de diversidade e inclusão no manual do colaborador;

Inboarding: diversidade e inclusão e a Inteligência Artificial:

A Inboarding fez, recentemente, um trabalho de pesquisa a partir dos princípios da experiência do usuário, sobre como pessoas diversas gostariam de ser tratadas nos ambientes de trabalho. 

Esse trabalho de pesquisa se concretizou em um manual da diversidade, que considera diversidades como: pessoas com deficiência auditiva, visual, física, pessoas com Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade - TDAH e autismo.

Esse manual apresenta informações sobre inclusão no ambiente de trabalho a partir de uma inteligência artificial criada especialmente para que o acesso a essas informações ocorra de forma simples com o apoio da tecnologia.

Caso você tenha interesse em conhecer a inteligência artificial criada especificamente para o envio desses conteúdos, agende uma conversa com um especialista da Inboarding.

Christianne Miranda

Junto com Fernanda Martins, Robson Mafra

Christianne é psicóloga, intérprete de Libras, CODA e, na Inboarding, pesquisadora. Tem como principal objetivo de vida ajudar a criar uma sociedade mais acolhedora e acessível para todas as pessoas.